Tempos de Identidade

v o l u m e
#02

a u t o r e s
Carlos Carreto, Filipe Silva, Inácio Cristo Dias, João Fernandes, José Narciso, José Valverde, Luís Maia, Manuela Seabra, Marcos Ribeiro, Mário Rui Santos, Miguel Antunes, Nelson Gomes, Patrícia Vilela Antunes, Ricardo Gonçalves, Ricardo Torb, Sérgio Morais, Sérgio Moreira, Teresa Ferreira, Vítor Nogueira

e d i t o r
José Godinho

d e s i g n
marcvaz.com

e d i ç ã o
Setembro 2020

i m p r e s s ã o
Europa

i s b n
978 989 54891 3 8

Prefácio

A imagem existe desde o primeiro instante em que o Homem imagina. Essa capacidade, a da imaginação, tão somente humana, é fulcral para a criação. A partir daqui tudo é possível e, de facto, tudo foi possível desde os primórdios da humanidade. Criamos por prazer, por fruição, por necessidade. Porque sim. Porque é necessário à condição humana, mortal por defeito ou efeito. Atingiremos assim uma imortalidade pelas imagens de criamos, gravando um instante, enaltecendo algo ou alguém.
Retrato, do latim Retractus, é uma forma de fazer parar o tempo. Ou, de o puxar para trás. Re-tratar. Buscamos, pois, a forma de recordar, representar e de voltar a fazer. Queremos tornar uma imagem visível como se de um retrocesso constante se tratasse, como um loop temporal que fixa um milésimo de segundo.
Comummente, achamos que um retrato é a representação visível de uma pessoa pelo desenho, pela pintura ou escultura e também pela fotografia, embora saibamos que de igual forma podemos fazer um mesmo retrato usando a escrita e a oralidade. E, como modo de expressão literária descrevemos tantas vezes uma pessoa ou coisa, até mesmo um ambiente ou uma época passada. O retrato não é apenas a fisionomia ou as poses sobre um cenário. O retrato tem de conter dentro dele o carácter, a personalidade e a alma refletidos num olhar, nas feições, no gesto, na figura, nos ambientes e até nas sensações e emoçoes. Aprendemos ao longo dos tempos a usar luz mais pensada, seja ela natural ou artificial. Aprendemos a técnica e aprendemos a equilibrá-la com a estética. No fundo, tudo para que a imagem perdure e se torne intemporal, que excite a memória e que seja dramática, que dê enfoque às demais características do que retratamos, porque aprendemos os segredos da retórica visual. Da mesma maneira que usamos uma figura de estilo num texto para exponenciar as características de algo, usamos também na imagem essas estratégias de valorização do ser humano.
As obras aqui impressas detêm todas esse poder de fazer parar o tempo num milésimo de segundo. Esse milésimo contém emoção, retórica, expressão, emoção, luz e sombra. Cor ou ausência dela. E todas perdurarão.
Este é o poder que os fotógrafos aqui representados têm: retratar e imortalizar, fazer parar o tempo e puxá-lo para um instante decisivo. Nas mais variadas estéticas pessoais encontramos neste livro uma colecção de imagens de grande beleza intemporal, com uma magia e com uma força imagética incomparáveis, únicas, eternas, cinemáticas, com identidade. Com memória e identidade!

by Nuno Gomes
Fotógrafo / Autor
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