A Arte de Fotografar a Preto & Branco

v o l u m e
#05

a u t o r e s
Ana Mendes do Carmo, Bruno Vicente, Carlos Capelão, Carlos Tojo, Diogo Guerra, Fábio Palma, Fernando Gonçalves, Filipe Miranda, Ilda Silva, Jaime Carvalho, João Ribeiro, Joaquim Capitão, Mário Rui Gouveia, Miguel Nazareth, Rui Oliveira

e d i t o r
José Godinho

d e s i g n
marcvaz.com

e d i ç ã o
Janeiro 2021

i m p r e s s ã o
Europa

i s b n
978 989 54994 3 4

Prefácio

Porquê fotografar a preto e branco?
Provavelmente, cada um dos fotógrafos que o faz, terá a sua própria resposta a esta pergunta.

Sebastião Salgado refere o excesso de ruído que a cor provoca numa fotografia, desviando assim o olhar do seu conteúdo essencial. Partindo desta ideia, talvez possamos fazer uma ligação da fotografia a preto e branco a uma maior componente narrativa, em que determinados elementos da foto são destacados em detrimento de outros.

Cartier-Bresson defendia que “as fotos são feitas com o olho, o coração e a cabeça”. Será que a sensibilidade do autor é a verdadeira criadora da foto sobrepondo-se, assim, à própria câmara? O fotógrafo, enquanto artista, que outra coisa buscará senão o reconhecimento naquilo que fotografa? Não enuncio o reconhecimento público do seu trabalho, mas a faculdade de poder olhar para as suas imagens e dizer “este sou eu, e assim me mostro.
Esta é a história que tenho e que necessito contar”.
Talvez possamos fazer uma ligação da fotografia a preto e branco a esta expressividade acentuada, às emoções e aos sentimentos.

Também podemos afirmar que a opção por esta linguagem remete-nos para os tempos primordiais da fotografia, estando assim associada às memórias.
Conheci um fotógrafo de casamentos que só editava a preto e branco. De início, e só tendo visto fotografias matrimoniais a cores, a ideia pareceu-me questionável, até porque estes eventos exigem algum cuidado na forma como ficam documentados. Porém, e após ver alguns dos seus trabalhos, fiquei fã. Mais do que um mero registo que ficará para a memória dos protagonistas, o resultado apresentava uma forte carga artística, de uma classe e elegância bastante marcadas.
Talvez possamos fazer uma ligação da fotografia a preto e branco a esta nostalgia da recordação e a uma certa intemporalidade.

Porquê fotografar a preto e branco?
Porquê o desafio de criar versões da realidade onde o valor da luz, o peso das formas, das sombras e o jogo dos contrastes aparecem tão atrativas para o olhar?

Talvez o leitor possa encontrar a sua resposta nas páginas que se seguem.

by Bruno Vicente
Fotógrafo / Autor
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