analogico
v o l u m e
#01
a u t o r e s
Ana Sousa, Bruno Guerreiro, Daniel Rosa, Guilherme Maranhão, João Ribeiro, Luís Fernandes, Mariana Afonso, Miguel Machado, Nuno Martins, Tiago Thedim
e d i t o r
José Godinho
d e s i g n
marcvaz.com
e d i ç ã o
Janeiro 2023
i m p r e s s ã o
Europa
i s b n
978 989 53554 7 1
Prefácio
É dificil nesta era digital em que vivemos imaginar que ainda existem pessoas que dedicam tempo e dinheiro em equipamentos analógicos. Poucos são os que ainda o fazem a nivel profissional, mas o certo é que a fotografia analógica ficou como um hobby, alguns até a consiferam um estilo de vida. Colecionar camaras antigas, experimentar vários tipos de camara e filme, testar papeis já caducos ou até quimicas encontradas na nossa cozinha, faz com que a paixão pela fotografia analógica se mantenha firme e para ficar. O estudo e a construção de camaras demonstram um passatempo que muitos de nós nos dedicamos e nos faz preferir este tipo ao digital. Este é um livro que junta alguns destes amadores e profissionais que não deixam a fotografia analógica cair em esquecimento. Assim como nós muitos outros por esse mundo fora dedicam o tempo ao analógico, de tal forma, que fez com que as marcas de filmes, papel e quimica, retomassem o seu labor e colocassem à disposição os tipicos filmes de antigamente e até os papeis que tanto nos inspiram na hora de fazer a foto. Certo é que a comunidade aumenta de dia para dia e isso deve deixar-nos a todos muito orgulhosos de fazer parte desta carolice. Fotografar em analógico é mais que um estilo ou uma tendência, é aprofundar conhecimentos de luz, de alquimia e de processos, é inspirador, tranquilizador e até terapeutico. Aos meus alunos costumo dizer que o analógico nos faz “parar”, não na expressão de parar no tempo, mas abrandar, olhar a fotografia de um modo mais calmo e sereno, observar melhor o que nos rodeia e garantir que o clique realmente merece a pena. Penso que é aí o grande destaque da fotografia analógica, podemos “tocar a luz” quando os dedos emergem na quimica segurando um papel sensibilizado que em breves segundos nos mostra uma imagem. É sentir um frio na barriga quando destapamos um tanque de revelação pensando se realmente saíu bem o filme que sensibilzamos à luz, é ver com um olhar curioso ás vezes dias depois de termos fotografado, cada frame que seca pendurado no laboratório. A fotografia analógico é tudo isto e muito mais. Sentir! Esperar! Contemplar algo que saiu de nós num todo. Dorothea Lange disse uma vez “A camara é um instrumento que nos ensina a ver sem a camara”. Fotografar em analógico é isso mesmo, qualquer um de nós com certeza que depois de fotografar vinte e quatro frames sabe antes de revelar o filme, cada frame que tirou, onde, como, e até que parâmetros usou para controlar a luz de cada enquadramento. Quem observa uma fotografia analógica sente algo diferente, alguns nostalgia, outros teleportam-se a locais ou a outros tempos, mas sentem sempre algo. É este sentir que transmitimos ao outro que trazemos em nós quando fotografamos em analógico. Continuemos então a mostrar ao mundo, que podemos fazer diferente mas com qualidade e determinação, que o analógico está de pedra e cal, a ser estudado, e aprofundado, para que a Arte de Fotografar seja um caminho artistico reconhecido e valorizado.